terça-feira, 19 de novembro de 2013

Prefeito Jeremias Trevisan volta da missão técnica no Chile



                O prefeito Jeremias Trevisan voltou da missão técnica do Chile. Esta foi promovida e custeada  pela AMESNE - Associação dos Municípios da Encosta Superior do Nordeste do Rio Grande do Sul, e contou com o apoio da UCS - Universidade de Caxias do Sul. Na comitiva, 31 pessoas, dentre as quais 25 prefeitos, 3 vice-prefeitos, 1 representante da Universidade e 2 representantes da  AMESNE. A missão ocorreu entre o dia 02 e 09 de Novembro.
                Em sua volta, o Prefeito Municipal de Paraí, Jeremias Trevisan, recebeu em seu gabinete a reportagem do Jornal Elo Regional para expor as experiências trazidas da missão.

                Inicialmente, o prefeito saudou os leitores do jornal Elo Regional e falou das diferenças entre os dois países. Jeremias citou a autoconfiança do povo Chileno: "temos que aprender com os Chilenos a vender o nosso peixe. Os chilenos chegam a criar uma história para poder vender os seus produtos. Outro fato que me chamou atenção é a cultura do povo Chileno, que sabe muito bem diferenciar a nação dos políticos que comandam, os políticos corruptos são afastados, e a nação não sofre qualquer tipo de abalo perante seu povo. Também sobre isso, percebi que o povo trabalha e age em prol do crescimento do país, o povo chileno trabalha para ver o seu país crescer e ser melhor que os outros. Outro conceito importante, e que foi muito difundido nas próprias palestras, foi a mudança da concepção ocorridas em duas décadas, do pensamento do ‘MI, MI, MI, para NOSOTROS’, ou seja, deixaram de lado o eu para pensar coletivamente e, na minha opinião, temos que nos espelhar neles".

                Prefeito Jeremias, qual é a diferença entre Brasil e Chile na gestão Pública aplicada?

                "Lógico que tudo o que eu observei não é regra, mas é a minha visão. Primeiro que o sistema de comércio daquele país é totalmente liberal, lá eles adotam um sistema de comércio livre e pagam menos impostos, mas não tem grande retorno em serviços públicos. As estradas são privatizadas, o transporte é privatizado, telefonia é privatizada, a energia é privatizada, porém... mesmo com o transporte privatizado, lá, como aqui, existem problemas de locomoção, especialmente nas cidades maiores ".

 

EDUCAÇÃO:

                                                "Em relação ao que temos no Brasil, o Chile está um pouco acima, mais pela dedicação do povo do que por ações do governo, tanto é que a educação é basicamente privatizada, existem escolas e universidades públicas, mas os alunos pagam para frequentá-las."

 

SAÚDE:

                                                "A saúde no Chile não é o melhor exemplo para nós. Tudo é centralizado pelo Governo Central, que é o nosso Governo Federal aqui, depois vem o Intendente que é nomeado pelo Presidente, e seria para nós o Governador. A função do Intendente é mais figurativa, as decisões são tomadas pelo Presidente. O que pra nós é prefeito, lá é chamado de Alcaide, e segue a mesma linha do Intendente, mais figurativo. Praticamente todas as decisões são tomadas pelo Presidente, que define também a saúde. O Governo investe 7 dólares por mês em cada cidadão Chileno na saúde básica, o que é muito pouco em relação ao que se investe aqui. Outra diferença, é que no Chile há um déficit de 1.500 médicos, e o salário pago aos profissionais oscila entre 1.500 e 2.700 dólares.

 

AGRICULTURA:

                                                O Chile é um tradicional produtor de vinhos, e ostenta alguns dos vinhos mais vendidos no mundo. Qual é a diferença no cultivo da parreira no Chile e a nossa, na Serra?

                                                "Eu acredito que por se tratar de um país com livre comércio, o vinho Chileno busca uma excelência para ser exportado, então todo produtor de uva e vinho vai ter que produzir com qualidade, senão não vai vender. Aqui nós temos um grande mercado interno, que não é tão exigente quanto o mercado externo. O fator climático também é um grande diferencial, lá a produção é feita em clima seco, árido, no verão praticamente não chove no Chile, e as parreiras são irrigadas com o degelo das montanhas, na forma de gotejamento. Também usam ventiladores em cima dos parreirais para evitar o excesso de umidade, mas são técnicas, condições de solo e clima diferentes". 

                                                Além de servir para irrigar, as águas que escorrem das montanhas são usadas para gerar energia elétrica.

                                                No Chile, só 5% da área territorial é explorada pela agricultura, o restante é deserto, montanhas, geleiras ou é litoral. 95% dos agricultores tem de 2 a 12 hectares de terra, e toda a propriedade agrícola tem um cadastro georeferencial.

                                                "Outras atividades na agricultura Chilena, pela ordem, são silvicultura que é o plantio de árvores para comercializar a madeira; o cultivo de oliveiras, para fabricação do azeite de oliva, e que acho que pode ser implantada especialmente em nossa região; e só depois aparece o vinho.  Isso tudo com um cuidado para evitar acidentes, depois de constatado através de pesquisas,  que o segundo maior índice de acidentes no país era na agricultura. Foi aí que o governo criou uma política de segurança que obriga os trabalhadores rurais ter um seguro de acidente de trabalho. Há um treinamento de como lidar com máquinas, inseticidas, e obrigam os trabalhadores frequentar os cursos. Produtor que não o fizer, não recebe o seguro e não tem as certidões exigidas. Depois de adotar esta medida, o número de acidentes na agricultura caiu de 9% para 4,6%".


                Segundo o prefeito Jeremias Trevisan, o saldo da missão foi positivo, "a irrigação é um bom exemplo para ser aplicado aqui, além da educação, e alguns cultivares como as oliveiras e nozes, que lá está bem avançada e podem ser implantadas em nossa região. Porém, temos pontos em que somos a referência: a questão tecnológica, a saúde, a indústria. Mas, o melhor de tudo isso é que depois de uma viagem como essa a gente descobre que o melhor lugar do mundo é a nossa casa, e que temos coisas boas em nosso país.”
 
Fonte: Jornal Elo Regional